No 1.º trimestre do ano, a atividade da Valorpneu registou um decréscimo de 27% no total de pneus recolhidos e valorizados face ao período homólogo do ano anterior. Das 13.388 toneladas de pneus recolhidos e valorizados, foram recicladas 9.130 toneladas e valorizadas energeticamente 4.258 toneladas de pneus usados. Estes resultados não foram animadores e alertaram o mercado. A agravar esta situação está a falta de visibilidade do que vai acontecer até ao final do ano.
Segundo Climénia Silva, diretora geral da Valorpneu: “O 1.º trimestre de 2020, em termos de pneus recolhidos e valorizados, foi o 1.º trimestre mais baixo desde o ano seguinte ao do início de funcionamento do SGPU, ou seja, desde 2004 inclusive”.
Já 2019 foi um ano muito exigente para a Valorpneu, mas também muito gratificante, por ter sido o primeiro ano completo de vigência da sua nova licença, que exigiu desta entidade gestora um esforço considerável no sentido da renovação dos vínculos contratuais com os produtores, centros de receção, recauchutadores e outros valorizadores do sistema, bem como no estabelecimento de contratos com comerciantes e distribuidores e ainda numa resposta adequada aos novos requisitos e condições impostas.
O sistema gerido pela Valorpneu integrou em 2019, uma vez mais, a totalidade dos pneus usados gerados em Portugal, voltando a ultrapassar os objetivos de recolha e valorização definidos no seu licenciamento, mantendo-se como uma entidade de referência na gestão dos pneus usados.
A reciclagem foi a operação mais representativa durante o ano passado, com 47.240 toneladas de pneus usados sujeitos a esta operação. Para valorização energética foram utilizadas como combustível 30.915 toneladas. No que toca à preparação para reutilização, foram recauchutadas 2.148 toneladas e reutilizadas 526 toneladas de pneus usados no âmbito do SGPU. Nos recauchutadores nacionais foram ainda recauchutados pneus usados, correspondendo a 2.380 toneladas com origem no estrangeiro e 6.950 toneladas sobre pneus que não se constituíam resíduo, prolongando a vida útil do produto e economizando recursos naturais.
Em 2019 foram colocadas no mercado nacional 97.948 toneladas de pneus e geradas 75.095 toneladas de pneus usados, considerando o desgaste dos pneus durante a sua vida útil, sendo que 80.831 toneladas foram recolhidas e tratadas no âmbito do SGPU. A colocação de pneus no mercado apresentou uma evolução positiva, em cerca de 7%, espelhando o crescimento do mercado de substituição de pneus.
De destacar também que no ano passado se verificou novamente o fornecimento de um fluxo de qualidade à indústria de valorização, circunstância que é fundamental para a reintrodução na economia dos materiais reciclados ou aproveitados energeticamente, voltando a constituírem-se fontes geradoras de valor. O granulado de borracha proveniente da indústria da reciclagem de pneus foi maioritariamente aplicado em pavimentos diversos e no enchimento dos relvados sintéticos, sendo cerca de 55% exportado.
O serviço prestado pela rede de centros de receção da Valorpneu foi suportado numa rede de 48 centros, que se encontra distribuída ao longo de todo o território nacional, 39 dos quais estão localizados em território continental, 8 na Região Autónoma dos Açores e 1 na Região Autónoma da Madeira. A entidade gestora deu continuidade ao seguimento da atividade destes operadores, disponibilizou o relatório trimestral sobre o desempenho de cada um e voltou a premiar o operador mais qualificado.
Com o objetivo de conhecer as práticas dos agentes económicos que retomam os pneus usados dos seus clientes, o seu nível de conhecimento sobre o sistema, assim como escutar os seus anseios e preocupações, a Valorpneu lançou no início de 2019 o “Circuito Portugal Valorpneu”, numa operação que percorreu Portugal Continental, Açores e Madeira. As conclusões desta iniciativa traduziram-se num Estudo Nacional no âmbito do fluxo específico dos pneus em fim de vida.
A sensibilização, comunicação e educação manteve-se, em 2019, como uma das grandes apostas da Valorpneu, quer junto do público em geral, quer dirigida às camadas mais jovens ou a alvos específicos do setor.
A nível de I&D, a entidade gestora continuou a promoção da pesquisa de novas soluções para os materiais derivados da reciclagem de pneus, participou em diferentes grupos de trabalho que desenvolvem investigação neste domínio e teve presente a identificação e avaliação de medidas de prevenção da produção de resíduos de pneus e o estímulo ao uso eficiente dos recursos.
Prosseguindo o objetivo de melhoria contínua do seu desempenho ambiental e após a certificação do Sistema de Gestão de Qualidade e Ambiente segundo as normas ISO, em 2019 a Valorpneu obteve o registo no Sistema Comunitário de Ecogestão e Auditoria (EMAS), que é um mecanismo voluntário que proporciona desempenho, credibilidade e transparência às organizações.
Desta forma, a Valorpneu continuou a assumir o compromisso com os princípios orientadores do desenvolvimento sustentável, contribuindo para a transição de uma economia linear para uma economia circular.
Em 2020 os números não serão certamente tão positivos, dada toda a crise pandémica que estamos a viver, e a comprovar estão os resultados da atividade da entidade gestora do 1.º trimestre deste ano. No entanto, apesar de toda a incerteza, a Valorpneu vai continuar a cumprir as suas obrigações enquanto entidades gestora de pneus usados em Portugal, reinventando-se em muitas das suas áreas por forma a manter-se como uma entidade de referência a nível europeu no SGPU.