“A Inovação do Setor” foi o tema da “mesa redonda”, moderada pela jornalista Liliana Carvalho, que decorreu na manhã do 19.º Encontro Valorpneu. Este debate contou com as intervenções de Fernanda Dias (Diretora-Geral da DGAE), Rodrigo Gonçalves (Diretor do Departamento de Resíduos da APA), Jorge Vieira (Goodyear, em representação da CEPP – Comissão Especializada de Pneus da ACAP), Ana Ferreira (Consultora da Beta-i) e Climénia Silva (Diretora-Geral da Valorpneu).
Neste fórum foram debatidas as principais inovações e contributos para o setor dos pneus em fim de vida, onde mais uma vez foi destacado o programa NextLap, cuja primeira edição trouxe um contributo significativo na procura de soluções para estas matérias e, mais do que isso, criou um elo de ligação entre inovadores, empresários e a indústria, que era, de acordo com Climénia Silva, a componente que faltava neste tipo de programas, onde a Valorpneu foi pioneira em 2008 com o lançamento do Prémio Inovação, “quando ainda pouco se falava de economia circular”.
A Direção Geral das Atividades Económicas (DGAE) e a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) falaram de regulamentação e destacaram a importância da inovação tecnológica e da colaboração em qualquer área de negócio, nomeadamente no setor dos pneus usados.
A “Transição Digital” e “Transição Verde” são duas das áreas que fazem parte da atuação da DGAE e que constituem a estratégia atual para o crescimento da União Europeia (UE) e de Portugal. Neste contexto, o conceito de “eco-modelação” foi também sobejamente falado, na medida em que “discrimina positivamente os produtores”, fazendo com que privilegiem “materiais reciclados nos novos produtos”, deixando de fora as “substâncias e os materiais” mais poluentes, explica Fernanda Dias.
O papel da DGAE, em conjunto com o Ministério do Ambiente, é precisamente o de ajudar o país a cumprir com os objetivos que se propõe. De acordo com os responsáveis das duas instituições, “são promovidas reuniões com associações e empresas numa base diária para que tudo se concretize”. Na prática, este conceito assenta na garantia de “incentivos” aos produtores para que, através da alteração de modelo de produção, possam ter um “desconto” e, assim, serem “beneficiados” quanto àquilo que pagam em relação à responsabilidade alargada do produtor.
O impacto da nova diretiva de gestão de resíduos, que entrou em vigor em julho de 2021, foi um dos temas abordado por Rodrigo Gonçalves. O Diretor do Departamento de Resíduos da APA enalteceu ainda o trabalho desenvolvido pela Valorpneu ao longo destes quase 20 anos de existência, mas ressalvou a importância de estender este trabalho aos cidadãos: “onde pode, como pode e o que deve fazer com os resíduos”.
O representante da APA anunciou ainda que: “A APA, em articulação com outras entidades, está a definir algumas regras simples e de fácil aplicação no que diz respeito ao armazenamento e recolha de pneus usados”.
Na perspetiva dos produtores/fabricantes de pneus, Jorge Vieira, da Goodyear, em representação da CEPP, referiu algumas medidas que as empresas estão a tomar para minimizar o impacto da fabricação de pneus no ambiente. Sublinhando que: “os produtores sempre estiveram na linha da frente nesta questão da economia circular, quer incorporando novos componentes que possibilitem principalmente a redução de CO2, através de pneus mais eficientes e com uma resistência mais baixa, contribuindo para a diminuição do consumo de combustíveis e dessa forma para a redução de CO2”.
Relativamente a pneus recauchutados, Jorge Vieira explicou também que se tem vindo a
incrementar novas componentes que permitam a recauchutabilidade dos produtos prolongando a sua vida útil, mas nunca esquecendo a questão da aderência como fator de segurança. “Desta forma conseguimos manter 75% da matéria que é reutilizável numa nova vida, vamos apenas adicionar cerca de 25%, que é aquilo que é consumido”, conclui.