A nova licença concedida à Valorpneu para 2024 para o desenvolvimento da sua atividade, a adoção de práticas mais sustentáveis na gestão de pneus em fim de vida, o mais recente regime geral de gestão de resíduos e o novo plano de ação para a economia circular foram os temas chave do 21º Encontro da Rede Valorpneu, que este ano decorreu em Vila Viçosa, nos dias 21 e 22 de novembro.
Sob o mote: “A sustentabilidade como motor do desenvolvimento”, a sessão de trabalho teve início com Hélder Barata Pedro, Secretário Geral da ACAP e Gerente da Valorpneu, que deu as boas vindas aos presentes e felicitou a Valorpneu pelo prémio recebido recentemente pelo desempenho do seu sistema nos Recircle Awards 2023, vencendo a categoria “Best EPR Scheme”, sendo considerada a entidade gestora que melhor gere o sistema de pneus usados no mundo.
Hélder Barata Pedro falou ainda sobre a nova licença a que a Valorpneu se candidatou e que lhe vai ser concedida para 2024, no âmbito de atribuição de outras licenças a várias entidades gestoras pela Agência Portuguesa do Ambinente (APA), referindo que: “A Valorpneu vai cumprir tudo que esteja relacionado com essa nova licença, como o vem fazendo há 21 anos”.
Ainda sobre este tema, Gracinda Marote, Diretora do Departamento de Resíduos da APA, destacou o importante papel da Valorpneu na gestão estruturada e eficiente dos pneus usados, evitando, desde 2003, a deposição de pneus em fim de vida em aterros. A responsável evidenciou também as ações de I&D e inovação que a Valorpneu tem vindo a desenvolver promovendo mais circularidade de pneus usados e potenciando mais e melhores aplicações para os mesmos, felicitando a entidade gestora pelo seu programa de inovação colaborativa NextLap e também pela atribuição anual de um prémio desempenho aos operadores da rede.
A equipa da Valorpneu fez um breve resumo da sua atividade durante este ano. Climénia Silva, Diretora Geral, apresentou os números de recolha e valorização que em 2023 se estima que se venham a fixar nas 84 200 t de pneus usados, evitando a produção 150 000 t de emissões de CO2eq o consumo 4 600 TJ de energia. Destas 84 200t, 11 400t foram recolhidas e tratadas voluntariamente para além do objetivo da licença em vigor. Isto traduz-se numa taxa de recolha prevista para 2023 de 111 por cento. A reciclagem continua a liderar o destino dos pneus usados (87,9%), seguindo-se a valorização energética, com 9,1%, a recauchutagem (2,1%) e outros (1%).
Foram ainda mostrados pela equipa Valorpneu várias iniciativas no âmbito de inovação e I&D, uma área onde a entidade gestora tem apostado muito nos últimos anos de forma a garantir a sustentabilidade do sistema e do planeta.
Carla Pinto, Diretora de Serviços de Sustentabilidade Empresarial da DGAE, apresentou o plano de ação para a economia circular 2023-2027, cuja consulta pública esteve a decorrrer entre os meses de outubro e novembro, e que se espera que seja um modelo de desenvolvimento económico e social regenerativo, eficiente, produtivo e inclusivo, no qual todos os elos da cadeia de valor percebam qual o seu papel para contribuir para uma visão nacional.
De acordo com a Carla Pinto: “Muito daquilo que a Valorpneu faz contribui significativamente para os objetivos que o país pretende atingir entre 2023 e 2027”. Os objetivos gerais deste plano, seguindo a linha do plano de ação europeu, passam por evitar a sobre exploração dos recursos renováveis, reduzir a produção de resíduos, prevenir a poluição e regenerar ecossistemas, criar oportunidades e benefícios socio económicos e promover a comunicação e sensibilização. Existem três conjuntos de ações, macro (transversais a todos os sectores de atividade), sectoriais (onde se incluiu o sector dos pneus) e micro (a nível regional).
Entre as ações a nível sectorial, para o caso da Valorpneu, Carla Pinto destacou “os incentivos fiscais, por exemplo para aquisição de pneus recauchutados, outros instrumentos económico-financeiros que de alguma forma incentivem a utilização de granulado ou a questão da investigação e desenvolvimento”.
Este e outros temas estiveram em discussão no painel “Ciclo de vida do pneu, ciclo de sustentabilidade” que finalizou a sessão de trabalho, para o qual se juntaram, para além de Carla Pinto, da DGAE, Gracinda Marote, da APA, Pedro Carreira, da Continental Mabor e da APIB, Joaquim Seiça, da ANIRP, José Carvalho, da JCConsulting, e Hélder Barata Pedro, da ACAP.
De relembrar que todos os anos, a Valorpneu faz a compensação de emissões do Encontro junto de uma associação local. Este ano a escolhida foi a AFLOSOR-Associação dos Produtores Agro-Florestais da Região de Ponte de Sor.